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Caso Bolsonaro: falsificar dados para entrar nos EUA dá até 10 anos de prisão

Suspeito de participar de um esquema de falsificação de dados de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pode ter cometido crime federal nos Estados Unidos. No país, forjar informações em cartão de vacina para entrar em solo norte-americano é um crime que pode levar à pena de 10 anos de prisão.


Até o dia 12 de maio, a embaixada estadunidense exige que visitantes brasileiros apresentem esquema de vacinação completa contra o coronavírus antes de entrar no país estrangeiro. Jair Bolsonaro viajou aos Estados Unidos em 30 de dezembro de 2022, um dia antes de encerrar seu mandato presidencial no Brasil.
Em entrevista à imprensa nesta quarta-feira (3/5), o ex-presidente afirmou que não precisou apresentar o cartão de vacina antes da viagem e, por isso, não cometeu crime.


“Nunca me foi pedido cartão de vacina. Não existe adulteração da minha parte. Eu nunca tomei a vacina, ponto final, nunca neguei isso”, declarou Bolsonaro.
No entanto, os pré-requisitos para entrada nos EUA, publicados pela Casa Branca, estabelecem que “viajantes aéreos não-cidadãos e não-imigrantes para os Estados Unidos deverão estar totalmente vacinados e devem fornecer prova de status de vacinação antes de embarcar em um avião para voar para os EUA”, sem fazer diferenciação entre cidadãos e chefes de Estado.

“Autoridades de alto escalão tem passaporte diplomático, mas todos devem apresentar a carteira de vacinação para entrarem nos EUA. Veja que o presidente Lula, quando visitou [o presidente dos Estados Unidos] Joe Biden, teve que fazer o teste poucas horas antes. Só a carteira de vacinação não era suficiente”, explica Roberto Goulart Menezes, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB).

Crime de imigração
O site da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil prevê que quem usar documentos falsos para ingressar no país “não receberá o benefício imigratório”, com consequentes multas ou prisão no desrespeito da regra. A exigência da imunização será obrigatória no país até o dia 12 de maio.
Como a suspeita até o momento é de que Jair Bolsonaro teria fraudado as informações de vacinação ainda no Brasil, o episódio pode ser qualificado como crime de imigração. Nesse caso, o ex-presidente poderia responder até 10 anos de prisão com base em legislação norte-americana, que prevê a pena para pessoas em réu primário, sem intenção de cometer outros crimes.

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