Eleições 2026: PT confirma Camarão, mas quer Brandão comandando o processo
O Diretório Estadual do PT no Maranhão aprovou resolução definindo diretrizes para os próximos, inclusive para 2026 onde reafirma o compromisso com a candidatura do atual vice-governador Felipe Camarão (PT) para o governo do estado em 2026, mas sob a liderança do governador Carlos Brandão (PSB). O documento disponibilizado para a imprensa faz balanço positivo do desempenho do partido nas eleições municipais de 2024.
A resolução da direção estadual do PT reafirma o compromisso com o governo Brandão com o objetivo de garantir uma gestão sólida e eficiente, assim como o governo do presidente Lula.
A resolução enfatiza que a prioridade do partido é fortalecer o governo Brandão, adiando qualquer debate eleitoral sobre 2025. Segundo o texto, o apoio ao atual governador tem como objetivo garantir uma gestão sólida e eficiente, enquanto o partido mantém seu compromisso com o governo federal de Luiz Inácio Lula da Silva. Para evitar precipitações o PT decidiu suspender a reunião de tática eleitoral prevista para 2025 e deixar essa discussão para o período pré-eleitoral.
“Olhando para o futuro, em 2026, será a vez dos partidos apoiados pelo PT devolverem o apoio à nossa sigla, considerando a importância da alternância de poder e a construção de um projeto político duradouro e inclusivo no Estado. Por isso mesmo, o Partido é unânime na defesa do projeto Felipe Camarão Governador. Contudo, o PT/MA se mantém cauteloso e não antecipará o debate sobre táticas eleitorais, deixando essa discussão para 2026”. Veja a baixo íntegra da resolução.
O PROCESSO ELEITORAL DE 2024 E AS PERSPECTIVAS PARA O PT NO ESTADO DO MARANHÃO
1. Balanço das eleições municipais de 2024
O balanço das eleições municipais de 2024 deve levar em conta diversos elementos de análise. O primeiro é o momento histórico que antecede as eleições, que compreende desde a farsa da Lava Jato; passando pelo golpe de 2016; a prisão do Lula, em 2018; a pandemia, em 2020; e a vitória do nosso presidente, em 2022. Até 2020 foi um período que abriu caminhos para o bolsonarismo e a presença da extrema direita no Brasil. A eleição e o governo do Presidente Lula indicam, previamente, que não bastam as ações do nosso governo, embora fundamentais para a reconstrução do país.
Apesar de algumas avaliações das eleições em que muitos atribuem a derrota do Partido dos Trabalhadores – PT-, devemos considerar a estratégia eleitoral do PT: eleger vereadores e vereadoras e centrar nas alianças contra o bolsonarismo. Uma avaliação mais aprofundada levará em consideração que estamos em um ciclo político cujo “fenômeno” da presença da extrema direita organizada no Brasil não desapareceu com a eleição do Lula, em 2022, pelo contrário, ela tem, inclusive, disputado não somente as pautas no Congresso Nacional, como também as ruas.
Estas eleições de 2024 representam o retorno do PT às ruas nos municípios e, ao mesmo tempo, o resultado eleitoral apresenta um cenário de crescimento das legendas de centro-direita, do chamado centrão, que tem maioria no Congresso Nacional e possui acesso a grandes volumes das emendas parlamentares. Isso pode explicar a taxa de reeleição ser próxima a 80% nas cidades governadas pelos partidos de centro-direita, evidenciando a permanência de um sistema político, em que tudo indica, tem monetarizado ainda mais as eleições.
Vejamos a contradição: mesmo o PT estando no governo central, são os partidos de centro-direita que conseguem maiores resultados eleitorais. Essa equação pode ser analisada sobre dois aspectos: a forte influência do Lula e, por outro lado, a predominância do domínio do poder econômico e de grupos regionais nestas eleições. Mas apesar desse desequilíbrio político, não se trata de apontar “culpados”, o PT conseguiu avanços: o número de prefeitos eleitos aumentou de 183 para 248 e disputaremos o segundo turno em 13 cidades, incluindo 04 capitais. O número de votos no PT saltou
de 6,9 milhões para 8,8 milhões, mesmo em municípios em que o 13 não encabeçou a chapa e apoiou candidatos aliados. A representação do PT nas câmaras municipais foi de 2.665 para 3.118 vereadores(as). O Partido também obteve vitórias importantes em grandes cidades e em grandes colégios eleitorais, assim como ampliamos as coligações em diversas regiões, culminando na derrota da extrema direita em redutos importantes do bolsonarismo.
No Maranhão, mesmo considerando o distanciamento eleitoral entre o petismo e o Lulismo, a ideia de que o PT foi derrotado nas eleições de 2024 não reflete os dados concretos. Necessário considerar que as candidaturas do PT/MA foram sufocadas pelos partidos aliados do governo Lula e do governo estadual. Em consequência disso, das 22 candidaturas para prefeitos e prefeitas, o PT foi vitorioso em Codó e Brejo, passando de 01 para 02 prefeituras. O número de vice-prefeitos(as) eleitos se manteve; e o de vereadores, estávamos em 52 e aumentamos para 63. Destaca-se, entre os vereadores, a eleição do Coletivo Nós, em São Luís, com a maior votação da Federação e a 6° maior votação da capital, numa crescente de 2 mil para quase 10 mil votos, numa atuação de forte presença e atuação forte nas periferias e zona rural, representando um sopro de renovação democrática.
Importante ressaltar a presença constante das lideranças estaduais nas campanhas, mesmo em cenários onde vimos claramente a apropriação das ações do governo federal por parte dos adversários locais, dadas as alianças nacionais. As dificuldades com a Federação também enfraqueceram nossa tática em diversos municípios, realidade que precisa ser discutida com responsabilidade. A ausência de Lula nas grandes agendas de massa e na vinculação palpável de sua imagem à nossas candidaturas também é um ponto a se considerar no cenário desafiador pós-eleição.
Embora o partido ainda esteja distante de ocupar o mesmo espaço que o “lulismo” ocupa no Maranhão, é necessário considerar que Lula tem um aspecto político à parte. O PT, por sua vez, deverá apostar em uma trajetória de crescimento. O próximo passo para consolidar essa posição passa pelo avanço na formação política, no planejamento estratégico, envolvendo os diretórios municipais e o diretório estadual, assim como fazer frentes para aberturas de sedes do PT nas cidades, como forma de escola política para fortalecer a concepção petista de sociedade.
Importante frisar que estados como o Pará elegeu também 02 prefeituras e Pernambuco, com dois senadores e sendo o estado de origem de Lula, elegeu 07. Ou seja, as eleições municipais tem outra lógica da eleição nacional, imperando uma tendência mais personalista e menos ideológica e partidária. Embora eleição municipal não se confunda com eleição nacional, o cenário não recaia sobre a reeleição do presidente Lula, pode recair significativamente sobre a eleição de parlamentares, fundamentais para a sustentação do nosso Projeto nacional. Com uma taxa de 78% de reeleição nos
municípios, mesmo com altos índices de rejeição de prefeitos ou sucessores da situação, as eleições municipais mostraram o poder das máquinas.
2. O PT precisa ser grande como é o lulismo no Estado do Maranhão
Para que o PT cresça no Maranhão, precisamos superar uma série de entraves importantes. Primeiro, a renovação e fortalecimento de lideranças políticas, especialmente em cidades estratégicas, como São Luís, onde historicamente o PT teve dificuldade em lançar candidaturas próprias. É necessário também renovar e fortalecer as direções e a base eleitoral do PT nos municípios, ampliando a sua presença em cidades pequenas e médias.
Para que o PT alcance um crescimento semelhante ao do presidente Lula no Maranhão, o partido precisa investir na sua militância, por meio da formação de lideranças locais e da relação com os movimentos sociais e sindicais, criando uma base sólida de apoio, além de desenvolver canais de comunicação eficientes para engajar a juventude e novas lideranças que se identificam com o PT, mas estão fora na vida interna partidária.
O PT precisa demonstrar sua capacidade de governar com eficiência e participação popular, como será o caso na cidade de Codó, com mais de cem mil habitantes, e Brejo, além de continuar a defender pautas que dialoguem diretamente com os interesses da população, como a educação, a saúde, o saneamento básico, o meio ambiente e o desenvolvimento econômico local.
Necessário também agirmos de forma mais estratégica no uso de ferramentas como o Fundo Especial de Financiamento de Campanhas – FEFC, que deverá ser distribuído a partir de critérios partidários, de tática bem definida, superando a lógica de Forças internas e baseados em viabilidade eleitoral e disputa de sociedade, sem a mera demarcação de posição. Estratégia que precisa rediscutida a partir da distribuição do PT nacional aos estados, sem priorização do sudeste como já é cultural, sendo que é no Nordeste onde o Partido tem mais penetração, apoio e votos. Legendas do centrão no
estado receberam até 60% a mais de volume de recursos do FEFC que recebeu o PT, potencializando as disparidades locais.
3. Papel das redes sociais nas eleições
Não há como negar que as redes sociais transformaram a maneira como nos relacionamos enquanto sociedade. Noutro tempo, as informações eram transmitidas de forma mais restrita, por meio de jornais, livros e televisão. Atualmente, somos bombardeados por uma avalanche de dados, verdadeiros ou não, através das redes sociais. As informações que recebemos são veiculadas de maneira rápida e dinâmica. Sem técnicas adequadas para prender a atenção do público, esse conteúdo é rapidamente ignorado e deixado de lado. Tornou-se cada vez mais comum observar os altos investimentos dos candidatos em marketing, tráfego pago e equipes de comunicação focadas nas redes sociais.
Entretanto, o uso eficaz das redes sociais ainda é dominado pela direita, representando um desafio significativo para a esquerda. Além da necessidade de investir em publicidade paga nas redes sociais, é fundamental repensar nossas estratégias de comunicação. A direita está trazendo para o debate político sujeitos que estavam desinteressados por política e também muitos jovens, não só os filhos de políticos tradicionais, mas também caras novas, que se apresentam como “anti-sistema”, usando uma comunicação profissionalizada e sistemática que tem um grande poder veto sobre a
esquerda.
Devemos transformar dados e projetos realizados, especialmente em nível federal, em conteúdos acessíveis e atraentes para o ambiente digital. Isso implica desenvolver técnicas, narrativas e métodos que nos reaproximem das novas bases que utilizam as redes sociais como principal fonte de informação. Devemos usar dos símbolos das massas para reconquistar identidade e pertencimento, bem como usar as redes sociais como ferramenta de formação política, com linguagem adequada e atrativa.
4. Os desafios para o PT e o governo Brandão no Maranhão
O Maranhão apresenta um dos quadros socioeconômicos mais desafiadores do Brasil. Apesar dos avanços nas últimas décadas, o estado ainda ocupa as últimas posições em indicadores de desenvolvimento. O estado tem um histórico de pobreza e concentração de renda estruturais. O governo Lula tem sido um parceiro do Maranhão. Só pelo novo Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, o Governo Federal prevê o investimento de R$ 93,9 bilhões em obras para
melhorar a vida da população maranhense.
O PT desempenha um papel fundamental no apoio ao governo Brandão. Primeiramente, como parte da coalizão que ajudou a elegê-lo e também pelo fato de trazer uma base militante ativa e articulada com movimentos sociais, crucial para a implementação de políticas públicas. A presença do partido nos espaços do governo, como o IEMA, as Secretarias do Trabalho e Economia Solidária e a de Direitos Humanos e Participação Popular, facilitam o diálogo com a sociedade civil e fazem a ponte entre as demandas das camadas mais vulneráveis e as políticas governamentais.
O PT tem sido um aliado fundamental na construção e defesa do legado democrático e popular no Maranhão, especialmente durante o governo de Flávio Dino e na parceria mantida no governo Brandão. A capacidade de dialogar e colaborar com diferentes partidos mostra a importância estratégica do PT no cenário político maranhense, reforçando seu compromisso com a participação popular e a governabilidade.
O PT tem sido um aliado fundamental na construção e defesa do legado democrático e popular no Maranhão, especialmente durante o governo de Flávio Dino e na parceria mantida no governo Brandão. A capacidade de dialogar e colaborar com diferentes partidos mostra a importância estratégica do PT no cenário político maranhense, reforçando seu compromisso com a participação popular e a governabilidade.
Olhando para o futuro, em 2026, será a vez dos partidos apoiados pelo PT devolverem o apoio a nossa sigla, considerando a importância da alternância de poder e a construção de um projeto político duradouro e inclusivo no Estado. Por isso mesmo, o Partido é unânime na defesa do projeto Felipe Camarão Governador. Contudo, o PT/MA se mantém cauteloso e não antecipará o debate sobre táticas eleitorais, deixando essa discussão para 2026. O compromisso do PT neste momento, é apoiar o governo Lula e consolidar o governo Brandão e o legado de Flávio Dino. Dessa forma,o PT demonstra maturidade política e compromisso em contribuir com o desenvolvimento socioeconômico do Maranhão.
A reeleição do presidente Lula, em 2026, é a prioridade do PT maranhense e uma oportunidade para consolidar o projeto democrático e inclusivo que vem reconstruindo o Brasil. Sob a liderança de Lula, o país iniciou a recuperação econômica, ampliou programas sociais, e reforçou o compromisso com as políticas públicas. Formar uma frente ampla em torno de sua candidatura é essencial para isolar as forças neofascistas e de ultradireita que representam uma ameaça à democracia e ao Estado de Direito. Essa frente deve unir partidos progressistas, movimentos sociais e representantes da sociedade
civil, garantindo que o Brasil siga avançando com políticas públicas que melhore a vida do povo.
Assim sendo, somos cientes da necessidade de abrirmos o Partido para entrada de lideranças com o perfil adequado a representar nosso Programa de defesa da classe trabalhadora. Abrir é diferente de inchar, de aglutinar sem critério e/ou sem qualidade. Estamos falando de crescimento e contribuição reais às nossas bandeiras a ao nosso projeto de governar o MA e continuar a governar o Brasil em 2026.
A união das forças democráticas em torno de Lula não é apenas estratégica, mas uma necessidade para impedir o avanço de projetos autoritários que buscam retrocessos em direitos conquistados. Essa é a principal tarefa da militância e das direções municipais e estadual do PT!
São Luís – MA, 14 de outubro de 2024
Executiva Estadual do PT Maranhão