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Dilma rebate Temer: ‘Não engana mais ninguém, a história não perdoa a traição’


Ex-presidenta emitiu nota de resposta ao emedebista que, em entrevista, disse que ela seria ‘honestíssima’ e que sofreu impeachment apenas por ‘dificuldade de diálogo com o Congresso’

A ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) respondeu nesta sexta-feira 22 as análises de Michel Temer (MDB), seu antigo vice e autor do golpe contra ela em 2016, feitas em entrevista ao UOL ontem. Na conversa com o site, o emedebista disse que Dilma teria sofrido o impeachment por falta de diálogo com o Congresso e não por práticas ilegais. Ele classificou a petista como ‘honestíssima’.

Horas depois, Dilma rebateu em nota publicada em seus canais oficiais: “Lembro que a ‘dificuldade de diálogo com o Congresso’ não é razão legal e constitucional para impeachment em um regime presidencialista, como ele bem sabe.”
“Tal ‘dificuldade’ era uma integral rejeição às práticas do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, criador do Centrão, que queria implantar com o meu beneplácito o ‘orçamento secreto’, realizado, hoje, sob os auspícios de um dos seus mais próximos auxiliares na Câmara Federal”, esclareceu Dilma em outro trecho do seu texto.

Na publicação, a ex-presidenta ainda pediu que o emedebista pare de tentar usar sua imagem para ‘limpar sua condição de golpista’. Ela ainda o classificou como ‘‘um dos maiores traidores de todos os tempos’.

“Eu agradeceria que o senhor Michel Temer não mais buscasse limpar sua inconteste condição de golpista utilizando minha inconteste honestidade pessoal e política. É justamente essa qualidade que despreza, rejeita e repudia uma avaliação que parte de alguém que articulou uma das maiores traições políticas dos tempos recentes”, escreve Dilma.

No texto, a ex-presidenta também rebate as alegações do antigo colega de chapa de que não teria havido golpe. “Este personagem se ofereceu como vice-presidente por duas vezes. E, assim, sabia por duas vezes qual era o programa político das chapas vitoriosas”, diz.

Segundo defendeu ela no texto, as provas de que foi traída por Temer seriam justamente as políticas adotadas no governo liderado pelo MDB, como teto de gastos e as reformas trabalhista e da previdência. As políticas, como ela diz, não faziam parte do programa de governo do PT. “Trata-se, assim, de traição ao voto popular que o elegeu por duas vezes”.

“Eu agradeceria que o senhor Michel Temer não mais buscasse limpar sua inconteste condição de golpista utilizando minha inconteste honestidade pessoal e política. É justamente essa qualidade que despreza, rejeita e repudia uma avaliação que parte de alguém que articulou uma das maiores traições políticas dos tempos recentes.
É de todo inócuo afirmar que não houve um golpe, pois este personagem se ofereceu como vice-presidente por duas vezes. E, assim, sabia por duas vezes qual era o programa político das chapas vitoriosas que foram eleitas em 2010 e 2014.
As provas materiais da traição política estão expressas na PEC do Teto de Gastos, na chamada reforma trabalhista e na aprovação do PPI para as quais não tinha mandato. Nenhum desses projetos estavam em nossos compromissos eleitorais, pelo contrário, eram com eles contraditórios. Trata-se, assim, de traição ao voto popular que o elegeu por duas vezes.
Lembro ainda que a “dificuldade de diálogo com o Congresso” não é razão legal e constitucional para impeachment em um regime presidencialista, como ele bem sabe.
Tal “dificuldade” era uma integral rejeição às práticas do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, criador do Centrão, que queria implantar com o meu beneplácito o “orçamento secreto”, realizado, hoje, sob os auspícios de um dos seus mais próximos auxiliares na Câmara Federal.
Finalmente, relembro que a História não perdoa a prática da traição. O senhor Michel Temer não engana mais ninguém. O que se conhece dele é mais que suficiente para evitá-lo, razão pela qual não pretendo mais debater com este senhor.”

Dilma Rousseff

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