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Educação ou campanha? São José de Ribamar teria liberado R$ 8 milhões antes de assinar contrato milionário


O escândalo que ronda São José de Ribamar não pode ser tratado como detalhe burocrático. Um relatório técnico aponta que a Prefeitura teria empenhado R$ 8,1 milhões em 27 de março de 2025, destinados à empresa Editora Cactos, quando o contrato de R$ 11,6 milhões só seria formalizado dias depois, em 1º de abril.

Na prática, isso significa que quase 70% do valor do contrato foi reservado sem cobertura legal — já que o empenho, pela legislação, só deve existir após a formalização da obrigação. Hipoteticamente, trata-se de um atalho administrativo que, em outras ocasiões, já foi considerado pelo TCU como irregularidade grave.

A agressividade do caso não está apenas nos números, mas no contexto político: o filho do prefeito é pré-candidato a deputado estadual em 2026. Ao mesmo tempo, investigações contra o atual gestor estariam paralisadas em órgãos de combate à corrupção, criando um ambiente de suspeita que não pode ser ignorado.

A pergunta que ecoa é direta: teria o contrato sido usado como caixa-preta para abastecer um suposto caixa 2 eleitoral? Ainda que essa hipótese precise ser confirmada, o volume de recursos, a antecipação de empenhos e a coincidência com o calendário político provavelmente exigem reação imediata de órgãos como o Ministério Público, a Polícia Federal e o Tribunal de Contas da União.

Não se trata apenas de livros e materiais pedagógicos: o que está em jogo é a integridade da aplicação de recursos do FUNDEB, dinheiro federal destinado às crianças de Ribamar, mas que pode estar, supostamente, irrigando projetos eleitorais familiares.

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