Violência contra mulheres no Brasil atinge maior índice desde 2017, revela relatório
Segundo um levantamento do Instituto Datafolha, nove entre cada dez agressões contra mulheres foram testemunhadas por outras pessoas no Brasil nos últimos 12 meses. Dessas, 86,7% eram pertencentes ao círculo social ou familiar da vítima.
Os dados constam da 5ª edição do relatório Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil, divulgado nesta segunda-feira (10) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Eles revelam ainda que, apesar das violências sofridas, quase metade das vítimas (47,4%) não buscaram ajuda, nem de instituições ou de outras pessoas próximas.
Testemunhas e impactos psicológicos
Entre os terceiros que presenciaram esses episódios de hostilidade, 47,3% eram amigos ou conhecidos, 27% seus filhos e 12,4% possuíam outro grau de parentesco.
Especialistas informam que esse tipo de violência pode gerar consequências negativas até para quem não é vitimado diretamente, como é o caso das testemunhas envolvidas, podendo gerar distúrbios psicológicos, emocionais, cognitivos e comportamentais, como ansiedade e depressão.
É possível que estar exposto a esse tipo de situação crie uma percepção distorcida da família como um ambiente inseguro e caótico, o contrário do que é esperado que um lar deva ser. Crianças têm maior probabilidade de ter traumas e vivenciá-los na vida adulta, seja na forma de vítimas ou agressores.
Perfis dos agressores e o ambiente doméstico
O ambiente doméstico é o mais comum no caso de violência contra as mulheres, concentrando 57% dos casos, segundo o levantamento. O principais agressores foram:
- Cônjuges, companheiros ou namorados: 40%
- Ex-parceiros: 26,8%
- Pais e mães das vítimas: 5,2%
- Padrastos e madrastas: 4,1%
- Filhos e filhas: 3%
Tipos de violência e aumento dos casos
A violência física não é a única acometida pelas vítimas. Existem outras formas de coerção, físicas, verbais ou simbólicas, que podem provocar danos, como:
- Violência verbal (31,4%): insultos, humilhações e xingamentos – um aumento de 8 pontos percentuais em relação a 2023.
- Agressões físicas (16,9%): golpes, tapas, empurrões e chutes – o maior índice já registrado, afetando cerca de 8,9 milhões de mulheres.
- Violência sexual (10%): uma em cada dez mulheres foi vítima de abuso sexual ou forçada a manter relações sem consentimento.
A pesquisa destaca ainda que 37,5% das mulheres brasileiras sofreram algum tipo de violência nos últimos 12 meses, equivalente a 21,4 milhões de vítimas – o maior índice desde o ano de 2017.
Como denunciar e buscar ajuda
Em casos de emergência, a recomendação é ligar para o 190.
Para informações e denúncias mais específicas, a Central de Atendimento à Mulher (180) funciona 24 horas por dia, com ligações gratuitas de qualquer parte do Brasil, de forma anônima e sigilosa. O serviço agora conta com disponibilidade pelo WhatsApp: (61) 9610-0180.
Além disso, há outras ONGs e espaços de acolhimento para pessoas que foram vítimas de violência doméstica. No Maranhão, temos:
- Casa da Mulher Brasileira: Atendimento humanizado com serviços jurídicos, psicossociais e abrigo temporário.
- Casa Abrigo de São Luís: Acolhimento sigiloso para mulheres sob ameaça de morte.
- Instituto Todas Marias: Apoio jurídico, psicológico e encaminhamentos para vítimas.
- Varas Especiais de Violência Doméstica: Responsáveis por medidas protetivas e processos judiciais (1ª, 2ª, 3ª e 4ª varas).