Comércio maranhense deve abrir mais de mil vagas temporárias no fim de 2025
O cenário é considerado positivo e reflete o otimismo do setor varejista com o aumento das vendas impulsionadas pela Black Friday e o Natal.
Desempregado há oito meses e vivendo de bicos para sustentar o filho de 13 anos, Rafael Moura, de 28 anos, morador do Maiobão, vê nas vagas temporárias de fim de ano uma chance de recomeço. Vendedor com experiência no setor varejista, ele participou de três seletivos neste fim de 2025 e diz que vive dias de ansiedade e esperança. “A gente fica naquela expectativa, olhando o celular o tempo todo para ver se chega uma mensagem. Essas vagas são importantes, não só pelo dinheiro, mas pela chance de mostrar serviço e conseguir uma efetivação. Quero dar um Natal tranquilo pro meu filho”, relata.
Assim como Rafael, milhares de maranhenses aguardam uma oportunidade nas 1.049 vagas temporárias que devem ser criadas no comércio do estado entre outubro e dezembro, segundo levantamento da Fecomércio-MA. Desse total, 583 postos estão concentrados em São Luís. Apesar de o número ser 0,8% menor que o registrado em 2024, o cenário é considerado positivo e reflete o otimismo do setor varejista com o aumento das vendas impulsionadas pela Black Friday e o Natal.
De acordo com o professor e especialista em Recursos Humanos da Estácio, Cesar Lessa, o comércio continua sendo o setor que mais contrata nesse período, estimulado pelas festas de fim de ano, trocas de presentes e pela liberação das parcelas do 13º salário. “Vivemos em uma sociedade essencialmente consumista, e essa movimentação aquece o mercado. E, embora este percentual possa parecer pouco expressivo à primeira vista, considerando o cenário econômico internacional, os conflitos bélicos e as restrições geradas pela alta taxação sobre produtos, precisamos admitir que já é um ganho”, avalia.
Lessa ressalta que as empresas buscam profissionais com autonomia e capacidade de trabalho em equipe, o que pode dificultar o preenchimento de algumas vagas, mas destaca que a falta de experiência formal não deve ser um impeditivo. “Hoje, o conceito de ‘experiência anterior’ vai além do trabalho com carteira assinada. O candidato deve reconhecer vivências que tenham contribuído para o desenvolvimento de competências — sejam elas adquiridas na família, escola, comunidade, igreja ou em atividades voluntárias.”
O levantamento da Fecomércio-MA, baseado no Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC), registrou 109,5 pontos em outubro de 2025, mantendo-se em nível otimista. Entre os entrevistados, 74,7% afirmaram que pretendem contratar, com destaque para o comércio de bens semiduráveis e não duráveis, como roupas e calçados. Apesar de o ICEC ter apresentado queda de 1,2% em relação ao mês anterior e retração de 10% frente a 2024, o consumo local segue aquecido — especialmente após o Dia das Crianças, que movimentou R$ 127 milhões em São Luís e antecipou o clima de compras de fim de ano.
Currículo como vitrine
Na hora de montar o currículo, o professor Cesar Lessa orienta que o documento funcione como uma peça de publicidade pessoal, capaz de despertar o interesse do recrutador. “O currículo precisa ter o máximo de informações com o mínimo de detalhes. É como um cartão de visitas: deve mostrar quem é o candidato, seus contatos, a vaga que busca, seus conhecimentos, experiências e competências desenvolvidas. E, se possível, o que a empresa pode ganhar ao contratá-lo”, explica.
Para quem ainda não tem experiência profissional, o especialista reforça que é possível valorizar o aprendizado obtido em diferentes contextos. Ele cita um exemplo marcante: “Recebi uma vez o currículo de uma candidata que listava competências como empatia, gestão do tempo e atenção a prazos, e descreveu sua experiência de 2010 a 2020 como ‘Cargo: Mãe’. Fiquei curioso e a convidei para uma entrevista. O currículo dela despertou interesse — e esse é exatamente o papel de um bom currículo.”